CBN Vitória / A Gazeta – Homenagem aos 470 anos de Vitória

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Hoje é aniversário de 470 anos de Vitória ❤️ a CBN Vitória e a A Gazeta lançaram uma revista digital comemorativa e eu, muito feliz, fui um dos convidados pra dar um depoimento pro material. A abordagem era bem ampla e eu, empolgado que sou, falei pra caralho. Eu já sabia que iam usar só um trechinho curtinho, mas quis escrever já pensando em disponibilizar na íntegra pra vcs aqui por conta própria. Me pediram pra me apresentar, falar sobre minha relação com Vitória, sobre a cena da cidade e sobre pandemia. Vamo lá…

Muito prazer, sou André Prando, 31 anos, músico e compositor. Minha relação com Vitória/ES é de paixão, pertencência e orgulho. Nasci, cresci e adoro morar aqui. Adoro conhecer de perto as pessoas que movimentam a cidade, outros artistas, as pessoas que frequentam cada rolê, saber quem são os malucos e bebuns da rua da Lama, do Centro. Essa leitura real de uma cidade pequena incomoda muita gente, mas me me encanta, me faz enxergar um quadro de “casa”. E claro, como uma cidade pequena e, majoritariamente, conservadora e careta em suas gestões, sempre vai ter muito o que movimentar, de forma resistente. Não é que “não acontece nada” – que ja é uma mentira, por si só – e sim que “tem muita coisa pra fazer”.

Temos muitos artistas, bandas, coletivos de frentes muito distintas produzindo materiais de altíssima qualidade. Sinto que falta união, infelizmente. São trabalho incríveis que se fossem unidos, poderiam construir uma grande cena mais sólida, ao inves de várias pequenas cenas que acabam ficando atrás da cena principal – que é a cena que todo mundo busca ver, e não encontra. A cena existe e o público tá cego? As cenas são quadros endereçados à nichos? Não dá pra juntar esses nichos? É possível uma grande cena? Onde estão nossos festivais? Sim, tenho mais questionamentos do que respostas. O Viradão Cultural é massa, seria ótimo ter vários viradões durante o ano, ou coisa parecida. Nos últimos tempos é o mais perto de evento cutural democrático e plural que me lembro aqui na cidade. Mas aí ja tamo falando de investimento público. Vamos voltar pro assunto correria?

Gosto de dizer que se vc quer conhecer a realidade, vc precisa ir no underground. Vamos ler undergound como vísceras? Sem investidor, patrocínio, glamour. É no Centro, por exemplo (onde muita gente ainda acha que é perigoso e que não sei o que) que as vísceras expostas são o alternativo, ou A alternativa. Botecos, casas de show (que na verdade são casas normais), onde rolam shows pequenos de artistas fodas, que ocupam esses shows e galerias como se aquilo fosse tudo que eles tem, e é. Bares ou casas geridos por artistas apaixonados que fazem questão de música ao vivo e artes, com um tratamento de respeito, como a A Oca, a Casa de Bamba. Samba na rua, funk no YouTube e cerveja barata, como na Zilda, no Rominho. Rolês maiores com mais estrutura? Sugiro o Bekoo das Pretas, a Casa 7. Pausa dramática, não, pausa caótica. Pandemia.

“O que esperar da cena pós-pandemia?” – você me pergunta. Olha, como artista independente, nesse último ano eu só consigo planejar minha vida semanalmente. Sobrevivendo. Vivo unicamente da minha arte, então nesse último ano tenho feito lives semanais no formato voz/violão e recebo contribuições voluntárias através desse show virtual que produzo sozinho em casa. Meu trabalho é muito pautado por muitos shows, nos últimos anos bem movimentados, com as pessoas cantando à plenos pulmões, shows pequenos em pubs, shows maiores em festivais, não só em Vitória, mas com circulação pelo país. Dá muita saudade dessa troca calorosa, a expecativa é retornar com os shows apenas quando a taxa de vacinação for realmente segura. Faço questão de manter essa postura, enquanto for possível. Cheguei a fazer uma live com banda através de um festival e acredito que o cenário de apresentações virtuais deve permanecer por mais um tempo.

E como é minha arte? Meu trabalho como compositor partiu da poesia, na adolescência, movido principalmente pela inquietude. Quando comecei a transformar isso em música, entendi que queria estimular o pensamento crítico das pessoas a partir da inquietude. Questões existenciais e filosóficas traduzidas em situações do cotidiano, palpáveis, com elementos da própria cidade, que refletem o tempo que estamos vivendo. O estilo? MPB – Música Psicodélica Brasileira – ou a famosa (nova) Música Popular Brasileira, cabe também.

Eu sei que a realidade de cada um tem sido um universo completamente diferente e duro, mas espero que essas cenas consigam sobreviver e que possamos juntos propor muita arte e entretenimento pra retomada da vida das pessoas. Acredito que a arte tem sido fundamental durante e pandemia. E na retomada da vida social terá ainda mais. Vitória, pela palavra, já é êxito. Temos artistas e toda uma cadeia produtiva incrível que no momento estão no aperto, mas que estão preparados pra movimentar a cidade, assim que for prudente abraçá-la. Assim espero, assim me preparo. Claro, essa é minha visão da ilha.

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